Copiado do blog: O vento nas Papoulas
Dizia uma amiga minha, também doula, numa partilha da sua dor, num processo de separação, há dias:
Realmente só podíamos ser DOULAS!
Somos ainda mal-entendidas, por muita gente! Enquanto Doulas e como Mulheres!
Tão bem conheço essa dor.
A dor de ser mulher inteira, consciente.
Como conheço também, indissociável da dor, esta glória... que nasce da coragem de sermos fiéis a nós próprias, de não nos contentarmos com o caminho mais fácil, de expandirmos continuamente a nossa consciência, de escancararmos o coração à vida, sem medo.
Mesmo que isso signifique decepcionar alguém, para não fugir à nossa verdade.
E é verdade o que dizia esta minha minha amiga.
Antes de ser um trabalho, ser doula é uma atitude, um Sentir, uma forma de estar na vida.
Move-nos o poder de sermos autênticas, de nos escutarmos atentamente e respeitarmos profundamente, de não nos contentarmos com a vida que alguém quiser traçar para nós, mas sim em desenharmos a nossa própria vida, e assim inspirar também as mulheres que nos rodeiam, a fazer o mesmo.
Partos poderosos libertam a mulher autêntica dentro de nós!
Uma mulher que pariu de forma poderosa e livre nunca poderá contentar-se com o confinamento da sua alma, seja em que circunstâncias for.
Não há liberdade que se conquiste sem dor.
E não há vida que seja VIDA, sem liberdade.
Mulheres, nós temos essa força!
Uma separação é um dos momentos mais dramáticos da vida, em especial quando se tem filhos em comum. E os momentos de maior sofrimento, encerram também o maior potencial de crescimento.
Tudo o que parecia certo ontem, hoje se desfaz.
Assistimos à transfiguração de pessoas que julgávamos conhecer... companheiros de uma vida, que passam tantas vezes a personagens de longas metragens de terror.
Vemos espelhado no outro a mesma dor, o mesmo medo, a mesma insegurança, com tempos diferentes de auto-descoberta, os conflitos, o tanto que ainda temos por crescer.
Aprendemos no mais desafiador dos terrenos o significado da palavra palavra Compaixão.
E aprendemos também, no duro, a distinguir o que é realmente importante do que é secundário.
A isto chama-se afinal, aprender a ser feliz.
Uma separação é muitas vezes a única forma de nos reunirmos connosco próprias.
De voltarmos a ser Mulheres inteiras.
Aconteça o que acontecer, temos sempre que fazer as nossas escolhas e aceitar as escolhas dos outros, sabendo que somos responsáveis apenas pelas nossas. E sabendo que se não escolhermos, alguém escolhe por nós. E pode não ser o que queremos.
É preciso coragem para sermos donas das nossas vidas.
É duro.
Mas nunca será mais duro do que viver uma mentira.
E por muito que a coisa se torne difícil, é preferível que os nossos obstáculos estejam bem identificados à nossa frente do que bem disfarçados nas nossas vidas, tantas vezes aparentemente arrumadinhas.
Podemos sentir na pele a incompreensão, a indiferença, o julgamento... e até a crueldade de pessoas que nos eram próximas, a quem chamamos "amigas".
Pessoas com vidas aparentemente arrumadinhas, a quem talvez faça confusão que alguns ao lado deitem abaixo a sua casa...
Não vá a delas abalar por "contágio".
Mais uma vez, cada um fica com as suas escolhas.
Mas recebemos também a prova do estrondoso amor dos VERDADEIROS amigos, e conhecemos o significado profundo da palavra família.
Esta revelação não tem preço.
Estou grata à família maravilhosa que tenho, aos pais que me apoiam incondicionalmente, porque me amam. E amar é confiar.
Estou grata aos amigos e amigas extraordinários que tenho. Tenho o privilégio de estar num circulo de mulheres fantásticas, a minha família alargada, que foram minhas doulas, que me deram a mão enquanto atravessava canais de escuridão.
Sim, somos doulas umas para as outras, companheiras na fantástica viagem da vida.
E estou grata a esta vida.
Estou grata por ter mergulhado nesta dor, atravessado este oceano, este deserto, esta selva... ter sentido tudo isto.
A alternativa seria não sentir, não viver.
Não me recordo bem da mulher que era ontem.
Vejo uma figura desvanecida, sem brilho, à espera de algo que a salvasse.
Até perceber que quem me pode salvar sou eu.
Que bom que a voz do meu coração um dia foi mais forte do que todo o ruído à minha volta, e encheu tudo de cor intensa e profunda.
Descobri essa luz, e ela nasceu de dentro de mim.
Cada dia me sinto mais sensível e mais forte.
Paradoxal?
É a mais pura das verdades.
Houve dias em que o mundo parecia desmoronar e tudo em mim apelava: olhem para mim, ajudem-me, não sei se sobrevivo a mais um dia disto!
E sobrevivia, claro!
Fui eu que escolhi!
Nós só escolhemos aquilo que aguentamos!
O nosso corpo e a nossa alma estão desenhados para isso!
Tantas mulheres à minha volta, cada vez mais... têm passado pelo mesmo.
Olho à minha volta e encontro-vos.
Mulheres com voz e com brilho, estamos por todos os lados e não estamos mais sozinhas.
Os tempos mudam.
São tempo de descoberta.
Tempos de coragem, de inquietação, de procura, de libertação.
E claro, é normal duvidarmos, perdermos as forças, pedirmos ajuda. É normal pensarmos.. "e Se"? Rimos e choramos juntas. E juntas, continuamos.
Acredito que o Ser sábio dentro de nós, aquele que faz a escolha, continua a saber qual é o caminho, mesmo que às vezes a sua voz pareça abafada pelas nossas lágrimas.
Nas mesmas lágrimas em que, depois de cada tempestade, brilha sempre um arco-íris.
Sim, minha amiga, só podíamos ser doulas!
Acrescento a esse texto,a constatação vivencial de que cada mulher tem dentro de si todo o poder de mudar seu caminho, de viver de forma livre , feliz e de acordo com sua alma, mas para que isso aconteça é necessário fazer escolhas... e abandonar velhos hábitos e padrões...
Escute sempre a voz do seu coração e deixe a intuição guiar seus passos... ela nunca erra....
Muita Luz e Paz a todas