15 de mar. de 2013

Acupuntura - visão de Osho


A acupuntura é completamente oriental.
Assim quando você aborda qualquer ciência oriental com a mente ocidental você esquece muitas coisas.
A sua completa abordagem é diferente: é metodológica, é lógica, analítica.
E estas ciências orientais não são verdadeiramente ciências, mas arte.
Toda a coisa depende de se você pode mudar a energia do intelecto para a intuição, se você pode mudar do masculino para o feminino, do yang para o yin; da abordagem ativa, agressiva.

Você pode se tornar passivo, receptivo?

Somente assim estas coisas funcionam; de outra forma você pode aprender tudo sobre acupuntura e isto não será acupuntura de jeito nenhum.
Você saberá tudo sobre ela, mas não ela.
E algumas vezes acontece que a pessoa pode não conhecer muito sobre ela e conhecê-la, mas então é uma habilidade - apenas um insight nela.
O ocidente torna-se interessado em uma coisa oriental - elas são profundas, mas então ele a traz para a sua própria mente para entendê-la.
No momento que a mente ocidental entra nela, a própria base dela é destruída.
Então somente fragmentos são deixados, e estes fragmentos nunca funcionam.
E não é que a acupuntura não funciona, a acupuntura pode funcionar, mas ela pode funcionar somente em uma abordagem oriental.
Assim se você quer realmente aprender acupuntura é bom saber sobre ela, mas lembre-se que isto não é a coisa mais essencial.
Aprenda toda informação que está disponível, então esqueça todas as informações e comece apalpando no escuro.
Comece escutando a sua própria consciência, comece se sentindo em harmonia com o cliente.
É diferente...
Quando um paciente vem a um médico ocidental, o médico ocidental começa raciocinando, diagnosticando, analisando, encontrando onde a doença está, qual é a doença e o que pode curá-la.
Ele usa uma parte de sua mente, a parte racional.
Ele ataca a doença, ele começa conquistá-la: uma luta começa entre a doença e o médico.
O paciente está na verdade fora do jogo - o médico não se preocupa com o paciente.
Ele começa a lutar com a doença - o paciente é totalmente negligenciado.
Quando você chega a um acupunturista a doença não é importante, o paciente é importante, porque é o paciente quem criou a doença; a causa está no paciente, a doença é somente um sintoma.
Você pode mudar o sintoma e outro sintoma chegará.
Você pode impedir esta doença com drogas, você pode parar a sua expressão, mas então a doença irá se afirmar a si mesma em outro lugar e com mais perigo, mais força, como uma vingança.
A próxima doença será mais difícil de tratar do que a primeira.
Você usa drogas nesta também, então a terceira doença será inclusive mais difícil.
É assim que a alopatia criou o câncer.
De um lado você continua forçando a doença para baixo, ela se afirma de outro lado, então você a força daquele lado - a doença começa a ficar com muita, muita raiva.
E você não muda o paciente, o paciente permanece o mesmo; assim porque a causa existe, a causa continua criando o efeito.
A acupuntura lida com a causa.
Nunca trabalhe com o efeito, sempre vá para a causa.
E como você pode ir até a causa?
A razão não pode ir até a causa - a causa é muito grande para a razão - ela pode lidar somente com o efeito.
Somente a meditação pode ir até a causa.
Então o acupunturista irá sentir o paciente.
Ele esquecerá o seu conhecimento, ele apenas tentará entrar em sintonia com o paciente.
Ele irá se sentir em comunicação; ele começará a sentir uma conexão com o paciente.
Ele começará sentindo a doença do paciente em seu próprio corpo, em seu próprio sistema energético.
Este é o único jeito para ele saber intuitivamente onde a causa está, porque a causa está escondida.
Ele se tornará um espelho e ele encontrará o reflexo em si mesmo.
Este é todo o processo dela, e isto não está sendo ensinado porque isto não pode ser ensinado.
Realmente vale a pena aprendê-la, assim a minha sugestão é, primeiro aprenda no ocidente por dois anos, então por pelo menos seis meses vá a algum país do extremo oriente e fique com um acupunturista.
Apenas esteja em sua presença - apenas deixe-o trabalhar e observe.
Somente absorva a sua energia e então você será capaz de fazer alguma coisa; de outro modo será difícil.
E se você começar a sentir a sua própria energia mais e mais, ou o trabalho dela em seu próprio corpo, a acupuntura não permanecerá somente uma técnica, ela se tornará um instrumento.
E ela é um insight - você pode aprender a técnica e nada virá dela - é mais uma intuição do que uma arte.
Isto é uma das coisas mais difíceis a respeito das técnicas antigas: elas não são científicas e se você as aborda com uma perspectiva científica você pode aprender algum detalhe, mas a maior parte será perdida.
E tudo o que você será capaz de aprender não será muito e isto será frustrante.
Toda abordagem antiga era totalmente diferente: ela não era lógica de forma alguma, era mais feminina, mais intuitiva, mais ilógica.
Não se pensava em silogismo do modo que a mente científica pensa; ao invés disto estava-se em profunda participação com a existência - mais como num estado onírico, em um transe, e permitindo que a natureza liberasse seus segredos e mistérios.
Não era uma agressão à natureza...
Mas no máximo uma persuasão.
E a abordagem era do interior.
Deve-se abordar o próprio corpo a partir do núcleo mais interno.
Estes setecentos pontos não eram percebidos objetivamente, eles eram percebidos em profunda meditação.
Quando se vai profundamente para dentro e se olha de dentro - uma tremenda experiência ocorre - pode-se ver todos os pontos da acupuntura envolvendo a si mesmo, como se a noite estivesse cheia de estrelas.
E quando você viu estes pontos de energia, somente então você está pronto.
Agora você tem uma compreensão interior e simplesmente tocando o corpo de outra pessoa você será capaz de sentir onde a energia do corpo está faltando e onde não está; onde ela está se movendo e onde não está se movendo; onde está frio e onde está quente; onde está vivo e onde morreu.
Existem pontos nos quais ela responde e existem pontos nos quais ela não responde de forma alguma.
Você será capaz de conhecer a acupuntura somente na medida em que você se tornou capaz de conhecer a si mesmo e quando ambos coincidem existe uma grande luz.

Nesta luz você pode ver tudo - não somente a respeito de si mesmo mas a respeito do corpo dos outros.
Uma nova visão surge como se um terceiro olho fosse aberto.
A acupuntura não é uma ciência, mas uma arte e toda arte demanda uma profunda entrega.
Não é como qualquer outra técnica que um técnico pode manipular.
Ela precisa de todo o seu coração.
Você tem que esquecer a si mesmo, como um pintor se esquece enquanto pinta, ou um poeta se esquece enquanto compõe, ou um músico se esquece enquanto toca.
Ela é este tipo de coisa.
Um técnico pode praticar acupuntura, mas ele nunca será exatamente o que é necessário.
Ele nunca será aquilo.
Ele pode ajudar algumas poucas pessoas, mas a acupuntura é uma grande arte, uma grande habilidade.
Ela tem que ser absorvida.
O segredo é a entrega: se você puder entregar-se totalmente, ela se tornará uma devoção, uma dedicação.
Entre nela, entre com todo o coração, com alegria.
Comece a ficar por conta própria.
E você terá que achar o seu próprio jeito.
A acupuntura é um jeito e uma arte, e não existe nenhuma necessidade de seguir alguém como uma regra.
Não existem regras.
Regras não existem, só insights.
Assim comece trabalhando por conta própria...
No começo você sentirá um pouco de insegurança e você se preocupará muitas vezes se está fazendo a coisa certa ou não. Mas é como alguém tem que começar.
É um tipo de apalpar no escuro.
Mais cedo ou mais tarde você encontrará a porta.
Uma vez que você começou a encontrar a porta então menos e menos tatear no escuro será necessário.
Então você conhece a porta.
Comece trabalhando!
Quando você toca o corpo de alguém ou trabalha com agulhas, você está trabalhando em Deus.
Tem-se que ser muito respeitoso.
Tem-se que trabalhar não a partir do conhecimento, mas a partir do amor.
O conhecimento nunca é adequado, ele não é suficiente.
Então se preocupe com a pessoa.
E sempre se sinta inadequado, porque o conhecimento é limitado e a outra pessoa é um mundo inteiro, quase infinito...
As pessoas o tocam, mas elas nunca tocam você.
Elas tocam somente a periferia e você está lá em algum lugar no fundo, no centro, onde ninguém entra exceto o amor.
O homem é um mistério e continuará permanecendo um mistério para sempre.
O mistério é o seu próprio ser.



Fonte: Livro – Osho, O livro da cura
Tradução: Sw Dhyan Yukti
Editora: Shanti

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